domingo, 26 de outubro de 2008

Provar é uma também uma Avaliação ao Mundo Atual


ARTIGO PENSE NISSO - REVISTA NOVA ESCOLA

As provas devem servir para acompanhar o processo de aprendizagem do aluno, e nunca ser temidas como sentenças

Luis Carlos de Menezes
"A escola que fazia o estudante aprender para passar nas provas agora ensina para ela mesma ser aprovada"

Julgamentos e estimativas são sempre necessários. Um simples olhar avalia uma vaga de estacionamento ou a deselegância de um gesto. Uma rápida operação mede a pressão arterial ou verifica o saldo bancário. Somente a análise complexa, no entanto, diagnostica um paciente ou uma grande organização. Avaliações educacionais, por sua vez, verificam habilidades de alunos e o desempenho de redes escolares. Os objetivos, nesse caso, são tão diferentes quanto os de exames médicos que orientam tratamentos ou de provas para certificar profissionais e classificar serviços.

As avaliações mais importantes são as que orientam o ensino, integradas ao processo de aprendizagem, e não simples provas periódicas. Ao propor uma gincana em que as crianças escrevam bilhetes anônimos e numerados, com instruções para ações dos colegas, a professora que acaba de assumir uma turma desenvolve uma boa socialização enquanto verifica as competências de ler e escrever de cada um. Atividades desse tipo, da Educação Infantil ao Ensino Médio, revelam mais do que provas. Porém, o uso delas é tão raro quanto o de diagnósticos iniciais. O resultado disso é que, às vezes, expectativas de aprendizagem equivocadas somente são percebidas quando já é tarde demais.

Quando as turmas são grandes, em vez de levar pilhas de trabalhos para corrigir (e às pressas, pois a vida é curta), é melhor o professor instruir os estudantes para que se auto-avaliem em atividades de classe ou de casa. Sabendo contornar possíveis limitações, a escola pode orientar as famílias para se tornarem parceiras no processo, mostrando os objetivos das etapas do ensino e o que será verificado em provas parciais. As finais ganham a função de confirmar e certificar o trabalho, mas insucessos põem em questão a própria escola.

A qualidade da Educação deve ser aferida, e as provas gerais têm esse papel, nem sempre bem interpretado. Classificar escolas lembra "coisa de mercado" e, como provocação, eu diria que a escola que fazia o estudante aprender só para tirar boas notas nas provas - como alguém que cuida da saúde só para passar no exame médico - agora também ensina para ela mesma ser aprovada.

Avaliações como a Prova Brasil permitem planejar o aperfeiçoamento de escolas e redes. Já o Exame Nacional do Ensino Médio, o Enem, foi concebido para que cada jovem, ao fim da Educação Básica, possa mostrar as competências adquiridas para se expressar, compreender, intervir, argumentar e propor, mas também pode servir para apontar a uma escola como está o desempenho médio dos estudantes.

Cabe a esses exames orientar, e nunca "carimbar" uma instituição - e é bom evitar comparações absolutas entre escolas e professores atuando em situações diversas. A sociedade e o Estado precisam saber que quem trabalha em condições difíceis e com público carente está na trincheira da eqüidade social e do desenvolvimento, sendo assim a vanguarda - não a retaguarda da Educação.

Em síntese, em quaisquer circunstâncias, avaliações são meio ou confirmação de nosso trabalho, nunca sua razão de ser. Assim, devem ser vistas como recursos para aprender e ensinar melhor, nunca temidas como sentenças, nem pelo aluno nem por nós.

Luis Carlos de Menezes é físico e educador da Universidade de São Paulo, sabe que a avaliação é um recurso insubstituível do professor.


Transcrito da Revista Nova Escola - Edição n°214 - Agosto de 2008.
Editora Abril - Fundação Victor Civita

E ai professor?
Será que o processo começa na sala de aula?
A avaliação, instrumentada como prova,
não pode ser uma saída?

Pense Nisso!

Marcos Vinicius de Andrade Steidle é estudante de
graduação em Licenciatura em Geografia pela
Universidade Bandeirante de São Paulo.

Se auto-convidou a escrever neste blog e, além disso, desenvolve projetos
voluntários na área da educação pública em São Paulo.


Ciclo do Entrenimento em São Paulo: Trabalho de campo de meus colegas. Geografia 2º ano

Conteúdo Áudio-Visual, resultado de Pesquisa de campo com o tema O ciclo do entretenimento e a relação com o desenvolvimento urbano, apresentado para a disciplina de Geografia Urbana. 2° ANO de Licenciatura em Geografia.

GISELE APARECIDA MONTEIRO

LEANDRO APARECIDO DOS SANTOS

LUANA LUCY FREIRE
MARCOS DOS SANTOS SERARIM
MARCOS VINICIUS DE ANDRADE STEIDLE
PEDRO REATEGUI PINTO

UNIVERSIDADE BANDEIRANTE DE SÃO PAULO INSTITUTO DE EDUCAÇÃO CAMPUS RG SÃO PAULO SP OUTUBRO DE 2008

Este vídeo é de uso livre bem como seu parte de seu conteúdo foi retirado do Youtube, como também foi produzido nas ruas do centro de São Paulo. Somos a favor da liberdade acadêmica e acreditamos que somente com essa liberdade se faz a confiabilidade do mesmo.


Trabalho de Geografia Urbana dos meus colegas de sala.
10 pessoal Parabens!









terça-feira, 21 de outubro de 2008

O surgimento da crise através do Buteco


por Thiago Neves do Vale



O Sr. Manezinho possui um bar onde vende cachaça na caderneta (fiado) aos seus fiéis fregueses, todos manguaceiros e desempregados. Essa venda é realizada a crédito, dando oportunidade do Sr Mane aumentar um pouquinho o preço da dose (a diferença é o sobre preço que os pinguços pagam pelo crédito).

Um ousado gerente de banco decide que as cadernetas das dividas dos pinguços, constituem afinal um ativo interessante, e começa a adiantar dinheiro ao Sr. Manezinho, tendo como garantia a pindura dos cachaceiros que pagam a ele somente no dia 20. (E olhe lá).

Manezinho aceitou o empréstimo de 600 mil reais mesmo sem precisar, pois ele não pode ouvir a palavra crédito. O dono do bar é um consumidor de visão especulativa, e até aquele momento tinha uma vida estável, o bar garantia a tranqüilidade da família.

Com 600 mil na mão e sem saber o que fazer, Sr. Manezinho soube por um amigo que o mercado imobiliário estava valorizando. Era comprar e revender as casas que o lucro era garantido, um ótimo negócio e sem riscos.

Sr. Manezinho comprou três casas somando um valor total de 600 mil. Mas sua brilhante idéia fez com que ele paga-se um valor inicial de 300 mil, ficando o restante dividido em 62 meses para quitar. O dono do bar agora tinha 300 mil, uma divida de mais de 600 mil com o banco e uma gigantesca caderneta com 62 boletos referente às casas.

Mas a situação ainda ficaria pior. Contudo sua mulher se sentindo rica gastou todos os cartões de créditos do marido, fez plástica no nariz, aumentou os seios, comprou carro, encheu a casa de produtos das Casas Bahia, torrou os 300 mil restantes que Sr. Manezinho tinha e ainda deu um pé nele, arrumando um garotão para se divertir em suas noitadas.

O tempo passa e a situação piora de vez. Os bancos iludem milhares de Manezinhos, transformando os empréstimos em títulos negociáveis em mais de 73 bolsas de valores ao redor do mundo. A bolha se forma e a qualquer momento pode explodir.

Lembram daqueles pinguços do começo da história, eles mesmos. Esses pés de cana embriagam-se cada vez mais e decidem não pagar Sr. Manezinho no dia 20. Agora o circo é armado e a crise vem à tona. O dono do “Buteco” deixa de pagar os bancos e o restante das parcelas referente às casas, pensando somente em sua soberania alimentar. Os bancos por sua vez deixam de realizar empréstimos. E sem crédito na praça, o consumidor deixa de consumir e a economia tem sua recessão. O mesmo efeito se segue em diversos países, onde a lógica da auto-regulação dos mercados é o slogan do crescimento.

Então de quem é a culpa, dos Cachaceiros ou dos Manezinhos, que vivem especulando para obter um maior lucro?

sexta-feira, 10 de outubro de 2008

América Latina: Fim das Florestas


por Thiago Neves do Vale


Os governos do Norte global e as empresas transnacionais fazem da América Latina, uma peça chave em suas estratégias de lucro. A expansão dos mercados transformou a educação, serviços de saúde e a biodiversidade, em mercadorias excelentes para a acumulação de capital em médio prazo. As grandes corporações camuflam-se na imagem de defensoras do meio ambiente, apresentam selos de qualidade ambiental agregando valor nas mercadorias. E usam de propagandas que apresentam a população como a grande culpada pela desgraça ambiental do mundo dizendo que, o planeta não agüenta irresponsabilidades de cidadãos que praticam o descaso ambiental. Na verdade o planeta não agüenta também impunidade, fome, miséria, violência, pré-conceitos e guerras. Essas grandes empresas transnacionais fomentam a desgraça ambiental, culpam os cidadãos e tecem a teia da pobreza no mundo, sobre o slogan do progresso, democracia e liberdade. Com essa realidade podemos ser categóricos em dizer que, as florestas e toda a biodiversidade do mundo, estão com seus dias contados e isso é irreversível.

Porque há centenas de ONG s na Amazônia em comparação ao nordeste, que possui menos de uma dezena? Uma coisa é certa, a pobreza não interessa ao capital. E os movimentos sociais que lutam pelos desfavorecidos, são os novos terroristas que afrontam a democracia e a liberdade na América. Esses são cada vez mais criminalizados, os culpam de barrar o progresso que chega a Amazônia, através da extração vegetal, pecuária e agricultura, o ciclo econômico que devasta a vegetação. Contudo diversos conflitos explodem nessas regiões entre agricultores e indígenas, pela posse das terras. Os jornais exaltam as necessidades de um agricultor na região norte do Brasil e rotulam os grupos indígenas de (radicais não civilizados), por combaterem o progresso e a propriedade privada, sendo que a maioria das terras é adquirida através da grilagem.

As grandes corporações do agronenócio avançam sobre novas fronteiras nas regiões Norte e Nordeste, fazendo políticas regionais enquadrando o território em uma logística ideal para o escoamento da produção de grãos. Essas empresas globais possuem tanto poder político, que conseguem barrar a emenda constitucional que incluiria o Cerrado brasileiro no artigo 225, que considera “patrimônio nacional” a floresta Amazônica, a mata Atlântica, a serra do Mar e o Pantanal Mato-Grossense. Sendo que a bancada ruralista não permite que seja aprovada, pois considera o Cerrado uma extensão propicia a expansão agrícola. Essa é apenas uma visão do poder legislativo, tento também simpatia nas demais esferas do poder, judiciário e executivo. (Revista National Geographic, ed 103, outubro de 2008)

Devido a essa realidade, o pessimismo quanto ao prognóstico do futuro ambiental cresce. Não há atitudes que mexam com a raiz da catástrofe ambiental, tem-se somente transferência de responsabilidades. A culpa é dos “atos não civilizados” como, jogar lixo nas ruas. Contudo esquecem que esse fato acontece, por não haver nas periferias, obras de saneamento básico que atinjam as camadas populares desfavorecidas. A responsabilidade do problema ambiental passa a ser do pobre oprimido das favelas, que vivem esquecidas pelos governantes.

Diante desses fatos só nos resta torcer, para que as futuras gerações possam conhecer as florestas da América do Sul e suas maravilhas, pois muito em breve só saberemos dessas áreas através dos livros. A realidade é apocalíptica, o fim das matas é um processo sem volta.

Agricultura na Amazônia: Fim das Florestas






Expansão Agricola: Fim da Amazônia



domingo, 5 de outubro de 2008

América Latina: Nova Geopolítica





por Thiago Neves do Vale (estudante de Geografia)


Percebe-se que nos dias atuais, se configura na América Latina, uma geopolítica voltada para a descentralização da influência norte-americana. Nos últimos anos, surgiram nos países sul-americano, lideres de esquerda que se opõem de forma agressiva ao grande império, principalmente os governantes da Bolívia, Venezuela e Equador. Nesses países a ideologia neoliberal, o grande slogan disseminado durante o governo de Ronald Reagan, vem sendo desmontado com o implemento de políticas favorecendo a presença do Estado na economia. As estatizações, o calote na divida externa e o fomento de novas constituições, seguem as mudanças que se realizam nessas regiões.

Essa nova configuração, em muito se deve ao estrangulamento que o neoliberalismo realizou nessas sociedades, com o implemento das concepções de mercado. Competições, metas e castigos, vêm aguçando cada vez mais as contradições entre as classes, favorecendo o surgimento de um ambiente rico para os levantes populares.

Mas outros aspectos de extrema importância foram determinantes para o resultado dessa nova configuração, sendo eles, o imperialismo norte-americano e a globalização. Através desses fatores, surgiram em diversas partes do globo, um sentimento de revolta, que resultou em ódio ao povo americano. Principalmente após os ataques de 11 de setembro, que enquadrou os Estados Unidos em diversos conflitos a fim de subjugar nações em função de suas necessidades econômicas.

No Brasil o clima de camaradagem com os Estados Unidos se mantém. Mas nas entre linhas, tem-se uma movimentação do governo brasileiro em depender menos dos americanos. Novas rotas se abrem para os produtos brasileiros. O mercado chinês é o grande eldorado para essa descentralização do país com a Europa e os Estados Unidos. Depender menos desses gigantes é o novo movimento que a América Latina vem alcançando ultimamente.

A Venezuela é um país que se posicionou contra as ações da superpotência americana, vemos em muitas ocasiões um clima tenso entre essas nações. No Palácio de Mira-Flores, as estratégias para desvincular Caracas do eixo de influência norte-americana são intensas. Nos últimos anos o Presidente Hugo Chaves, encontra-se freqüentemente com lideres da Europa, Ásia, África e América Latina, para formalizar tratados comerciais e militares.

No Equador o movimento é recente, alinhado-se contra o neoliberalismo, o governo de Rafael Correia estatizou empresas, fomentou nova constituição e pretende dar um calote na dívida externa do país. O Brasil através do BNDS emprestou cerca de 248 milhões de reais ao governo de Quito. Um dinheiro que pode demorar a chegar aos cofres brasileiros.

Essa é a nova realidade que a América Latina apresenta ao mundo. Um continente marcado por grandes diferenças, países que agregam o neoliberalismo como o Brasil e Chile, mas que também pretende a descentralização econômica do eixo norte. E nações que ousam a confrontar as grandes nações, como Venezuela, Bolívia e Equador, seguindo seus respectivos contextos de sociedade.

Mas a grande águia esta atenta a esse movimento. E a notícia da volta da esquadra militar para ações na América Latina, é uma razão clara que os norte-americanos não estão dormindo para sustentar o seu império. Com isso podemos prever tempos difíceis nas terras abaixo do equador. O grande império norte-americano vive tempos tenebrosos e o mundo embarca nessa onda. Já dizia um ditado romano: Quando Roma arde, todo o império fica em suspense. Esse se pode valer também para os Estados Unidos e América Latina.


sábado, 4 de outubro de 2008

Bolívia: América Negligenciada




por Thiago Neves do Vale

(estudante de Geografia)



"A Bolívia possui um planalto de grande altitude (3,3 mil metros, em média), é um lugar superlativo: possui o mais alto lago navegável do mundo, o Titicaca, e a maior planície salina, o Salar de Uyuni. É o segundo maior platô de montanhas da terra, depois do planalto do Tibet - uma paisagem de gelo e fogo, vento e sal que se estende do norte da Argentina às agrestes planícies do Peru." (Revista National Geographic, ed 100, julho de 2008)


A Bolívia é um país da América Latina que aparece nas paginas de jornais do mundo inteiro. No Brasil devido, ao trabalho da mídia que esta para enaltecer as elites, a Bolívia é tratada por reportagens simplistas, que procuram diminuir essa nação, criando rotulagens de ataque, dizendo que este país não pode ser liderado por um índio. Nas salas de aula do Brasil, quando se pergunta algo da Bolívia, as respostas são previsíveis e transcreve as rotulagens dos jornais, uma nação comunista, indígena, que tem cocaína, reservas de gás e petróleo e representa um perigo para a democracia.

Problemas estruturais realmente são uma realidade nos paises da América Latina e a Bolívia não escapa a eles. Os bolivianos vivem um momento político complicado. As reformas liberais implementadas pelo ex-presidente, Sánchez de Lozada (1993-97), com as privatizações das empresas de Telefonia, petróleo, gás e abastecimento de água, culminou com o acirramento das disputas de classes, regiões e etnias. Os povos indígenas do Altiplano são os mais afetados nesse período, a Bolívia situa-se entre os países mais pobres da América Latina, muitos migram para o Brasil e outros países, onde são explorados pelas fábricas. Quem tem contato com os bolivianos da região do Braz, sabe das condições péssimas de trabalho dessas pessoas. A carga de trabalho gira em torno de 16 horas, sendo que a maioria é ilegal dentro do território brasileiro.

Mas além desses aspectos devemos lembrar que a Bolívia não é somente petróleo, folha de coca e pobreza. Essa região do globo possui uma grande diversidade de etnias, paisagens e recursos. É um país sem litoral, devido à venda das terras e a perca da Guerra do Pacífico contra o Chile. Em seu ocidente encontra-se à cordilheira dos Andes, com o pico, Nevado Sajama. O centro é formado por um planalto, o Altiplano, onde vive a maioria dos bolivianos e indígenas. O leste é constituído por terras baixas, e coberto pela floresta úmida da Amazônia, onde a população branca, remanescente dos povos europeus, compõe a maioria. E na região sul encontra-se o Chaco boliviano, região pantanosa no período de chuva e semi-desértica nos meses de seca. La também foi o berço da civilização Tiwanaku, que deram origem aos Incas. Na região do Altiplano fala-se espanhol, aimara e quíchua, totalizando aproximadamente 36 línguas em todo território.

Negligenciar esses aspectos e contentar-se com os recortes simplistas, marcado pela sabedoria da mídia elitizada, acarretará o continuísmo dos saberes da América Latina, destoando o principal objetivo dessa aprendizagem, sendo essa, a busca das complexidades dos problemas e as semelhanças entre povos e regiões, desse continente.

"Presidente boliviano Evo Morales em discusso na ONU"