domingo, 5 de outubro de 2008

América Latina: Nova Geopolítica





por Thiago Neves do Vale (estudante de Geografia)


Percebe-se que nos dias atuais, se configura na América Latina, uma geopolítica voltada para a descentralização da influência norte-americana. Nos últimos anos, surgiram nos países sul-americano, lideres de esquerda que se opõem de forma agressiva ao grande império, principalmente os governantes da Bolívia, Venezuela e Equador. Nesses países a ideologia neoliberal, o grande slogan disseminado durante o governo de Ronald Reagan, vem sendo desmontado com o implemento de políticas favorecendo a presença do Estado na economia. As estatizações, o calote na divida externa e o fomento de novas constituições, seguem as mudanças que se realizam nessas regiões.

Essa nova configuração, em muito se deve ao estrangulamento que o neoliberalismo realizou nessas sociedades, com o implemento das concepções de mercado. Competições, metas e castigos, vêm aguçando cada vez mais as contradições entre as classes, favorecendo o surgimento de um ambiente rico para os levantes populares.

Mas outros aspectos de extrema importância foram determinantes para o resultado dessa nova configuração, sendo eles, o imperialismo norte-americano e a globalização. Através desses fatores, surgiram em diversas partes do globo, um sentimento de revolta, que resultou em ódio ao povo americano. Principalmente após os ataques de 11 de setembro, que enquadrou os Estados Unidos em diversos conflitos a fim de subjugar nações em função de suas necessidades econômicas.

No Brasil o clima de camaradagem com os Estados Unidos se mantém. Mas nas entre linhas, tem-se uma movimentação do governo brasileiro em depender menos dos americanos. Novas rotas se abrem para os produtos brasileiros. O mercado chinês é o grande eldorado para essa descentralização do país com a Europa e os Estados Unidos. Depender menos desses gigantes é o novo movimento que a América Latina vem alcançando ultimamente.

A Venezuela é um país que se posicionou contra as ações da superpotência americana, vemos em muitas ocasiões um clima tenso entre essas nações. No Palácio de Mira-Flores, as estratégias para desvincular Caracas do eixo de influência norte-americana são intensas. Nos últimos anos o Presidente Hugo Chaves, encontra-se freqüentemente com lideres da Europa, Ásia, África e América Latina, para formalizar tratados comerciais e militares.

No Equador o movimento é recente, alinhado-se contra o neoliberalismo, o governo de Rafael Correia estatizou empresas, fomentou nova constituição e pretende dar um calote na dívida externa do país. O Brasil através do BNDS emprestou cerca de 248 milhões de reais ao governo de Quito. Um dinheiro que pode demorar a chegar aos cofres brasileiros.

Essa é a nova realidade que a América Latina apresenta ao mundo. Um continente marcado por grandes diferenças, países que agregam o neoliberalismo como o Brasil e Chile, mas que também pretende a descentralização econômica do eixo norte. E nações que ousam a confrontar as grandes nações, como Venezuela, Bolívia e Equador, seguindo seus respectivos contextos de sociedade.

Mas a grande águia esta atenta a esse movimento. E a notícia da volta da esquadra militar para ações na América Latina, é uma razão clara que os norte-americanos não estão dormindo para sustentar o seu império. Com isso podemos prever tempos difíceis nas terras abaixo do equador. O grande império norte-americano vive tempos tenebrosos e o mundo embarca nessa onda. Já dizia um ditado romano: Quando Roma arde, todo o império fica em suspense. Esse se pode valer também para os Estados Unidos e América Latina.


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