"Por meio da educação, a criança vai se reconhecer como um membro vivo do todo"
(Friedrich Froebel 1782-1852)
Caminhando nas proximidades de minha casa, no bairro de Pirituba, vejo uma cena inusitada, no portão de entrada de um jardim de infância. Uma moça que me pareceu ter uns 18 anos de idade, estava escutando silenciosamente com feições de choro em sua face, um homem que pelas broncas dirigidas a moça parecia me apresentar-se como o dono ou diretor da escolinha. Estavam também na cena os pais de uma menina que era aluna dessa escola. Imaginem a cena!
As conversas daquela cena remetem claramente a realidade do ensino infantil no país. Em muitas escolas infantis de bairro, o trabalho das “Tias” é muito além de uma prática docente para crianças do jardim. Elas realizam serviços de limpeza após a saída das crianças, preocupam-se com a alimentação e saúde, escutam pais esbravejados e por muitas vezes respondem por obrigações que extrapolam sua verdadeira função, assumem uma versatilidade imprópria que atrapalha sua função e atenção nas crianças. Tudo isso associado ao despreparo, baixos salários e longas horas de trabalho sem carteira assinada.
Quando relembro a cena e foco na reação e atitudes dos pais, vejo que a situação é gravíssima. Não há em nenhum momento um surto de consciência dos pais, sobre a realidade dessas professoras “Tias” e de sua filha que se vê inserida nessa realidade.
O sistema infantil das escolinhas de bairro pobre está sobre uma situação desesperadora, que surge por uma série de descasos e manipulações. Isso causa uma devassidão de problemas no sistema. São professores mau preparados, ausência quase que total do Estado em prover o ensino, dando liberdade sem controle aos aproveitadores do sistema, que fazem de pequenas casas um lugar lucrativo.
O relacionamento entre pais e filhos se resumem a horários, entrada e saída das aulas, que horas deve buscar e levar a criança. Cabendo assim as falas populares que se houve nas esquinas dessas escolas, como no caso a cima:
- “As escolas não educam, eu que sou pai não tenho tempo pra isso” e “essa é a função da escola e não minha!” ou “eu trabalho levo na escola, mas ela não cumpre a sua parte”.
E são esses dizeres que se multiplicam porque nossos guardiões da política não param de fomenta a competição, o individualismo e os castigos na educação.
Será que algum dia haverá consciência desse fato ou ainda continuaremos a ser manipulados?
A realidade parece que se esfrega em nossas caras, mas parece que somos nós que não queremos ver.
4 comentários:
opresss....Iae Tiago?!?
Gostei muito do seu blog, isso vai edificar muito nossos conhecimentos, não só pelos elogios, mas também na criticidade seja boa ou seja ruim, os conceitos devem ser confrontados, que seja cientifico e e que tambem seja "religioso".
Mas sobre o Jardim de infância,infelismente essa é uma realidade, não é o nosso imaginario!
Mas este é o Trabalho do Docente, fazer um trabalho diferente para fazer a diferença. No quadrante da sala 213 UNIBAN turma de geografia 2º ano,pregamos e apregoamos um discurso de sermos um professor critico e dinamico nas suas aulas;só que, cada da um de nós temos uma representação diferente do que se prega nos discursos maravilhosos da nossa sala.
O quero dizer???
uns dizem: " Aqueles moleques são demonios!"
Outros: "Eles são Fofos!"
cada um de nós temos uma visaõ de mundo, sera que "eu" vou se um bom professor? vou ser critico? vou ser tradicional?ou um pouco de cada,dependo da realidade vivida???!!
não tive ainda minha experiencia em sala de aula, mas eu gostaria de ser diferente, para fazer a diferença.voces ainda não tem ideia sobre o meu olhar do mundo e sua realidade;mas eu posso deixar apenas uma pincilada bem leve:" O meu olhar não é real, não é representativo muito menos imaginario, mas é verdadeiramente "real", absolutamente "real".verei coisas que olhos nunca viram, ouvirei o que ouvidos nunca ouviram e o que nunca subiu ao coração do Homem, e espero que todos voces vejam comigo."
Sou a Luz do mundo e o sal da terra.A luz para iluminar e o sal para salgar,ou seja, para fazer a diferença.E quero todos voces como sal da terra e Luz do Mundo!! essa é a minha visão, ampla,complexa,arriscada, perigosa, e críticada e por muitas vezes "odiada por todo o mundo=JESUS CRISTO".
Josmar Alves..
E ae Thiago beleza?
Gostei do texto sobre "Jardim de Infância", especialmente sobre a iniciativa de pensamento por sua parte, vendo tal situação sua mente não se deixou acomodar, e viu ali um grave problema, não só nos Jardins de Infância das periferias, mas um problema cultural, esse que está arraigado em nossa cultura, cultura essa de deixar sempre para o estado ou qualquer força maior o destinos de nossas crianças, jogando para terceiros tais responsabilidades. Deixando um ser que esta se formando a mercê da sorte.
Estarei com você nesse blog, boas iniciativas devem que ser aplaudida e incentivada.
Abraços....há, e quando vc não for trabalhar no sábado, por favor avise viu, imagine se eu, pensando que você irá, resolvo não ir???
Em primeiro lugar parabéns Thiago pelo blog está muito interessante, e realmente a situação da Educação é algo que já passou da hora de tomarmos uma atitude. Você tomou uma iniciativa que é deixar todos a par agora cabe a nós tentarmos colocar as idéias em prática.
Esse assunto que você abordou do ensino infantil da questão dos Pais acharem que a Escola, os Professores,Auxiliares tem total obrigação perante a criança é absurda porque na sociedade cada um tem que ter o seu papel e muitos esquecerão e é ai que nos futuros educadores entramos,porque não adianta entra em uma sala de aula e deixa tudo como está,e sim cada um de nós temos que toma uma atitude e já podemos começar.Como por exemplo no Bairro onde moramos,no trabalho enfim em vários lugares.
Porque um Educador tem o dever de levar conhecimento a todos.
Os outros textos estão muito interessante, depois vou deixar um comentário para todos.
Eu andei procurando escola para meu filho, então com 1 ano e meio, o que se vc é isso ai, falta de uma grade de programação, e professores preparados, visitei a fundo muitas escolas e da pra ver que na maioria delas os pais só conhecem o portão, quando muito a recepção. Se conhecessem mesmo como muitas destas "escolas" funcionam, não existiria uma a cada quarteirão.
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