segunda-feira, 15 de setembro de 2008

Viva a crise

"Yves Lacoste"
Acesso em  25/09/2008


por Thiago Neves do Vale


"Saber pensar o espaço para saber nele se organizar, para saber ali combater... Afinal nem toda região montanhosa arborizada é Sierra Maestra".

(Yves Lacoste, in A Geografia serve, antes de mais nada, para fazer a guerra)

  Yves Lacoste argumenta que o saber geográfico se da em dois planos, a geografia dos Estados-Maiores e a dos professores. A primeira esta ligada à prática do poder, sendo que a segunda, denominada de geografia tradicional, serve para camuflar a existência da geografia dos Estados e seguindo o pensamento de Vidal de La Bache, estabelecer um conhecimento regional.

Toda a crítica feita por Yves Lacoste em “A geografia isso serve, em primeiro lugar, para fazer a guerra”, nos remete a idéia defendida por ele de “guerrilha epistemológica”, onde se estabelece um combate teórico principalmente com os seguidores de Vidal de La Bache, de uma Geografia tradicional, buscando uma renovação do pensamento geográfico, uma transformação negadora da ordem estabelecida.

Criticou Também as demais disciplinas, história, economia, sociologia e filosofia, dizendo que essas contribuíram para a construção de uma geografia modesta, impedindo o geógrafo de analisar os problemas de ordem política e econômica.

Analisou a contribuição marxista, apontando que nessas abordagens o espaço é negligenciado, sendo que as relações de produção e de classes sobrepõem o tema espacial.

Em outro momento Lacoste cita o surgimento da New Geography nos Estados Unidos, estabelecendo uma nova tendência de análise geográfica, diferente da França e Alemanha. Essa pratica traz uma ruptura com os conceitos tradicionais e estabelece uma base de aplicação elevando a geografia a uma categoria de ciências exatas. As pesquisas dessa geografia servem para fins particulares de instituições administrativas, financeiras e de Estados, sobrepondo assim a uma lógica de poder.

O propósito expresso por Lacoste define os objetivos de uma postura critica da geografia, assumindo claramente o conteúdo político, afirmando que:

- “a Geografia é uma pratica social em relação à superfície terrestre” e “não há Geografia sem drama”.

Partindo dessas afirmações, Lacoste difunde toda a crise que a geografia passa em relação à definição de sua base de análise como ciência, durando até os dias atuais. Essa “guerrilha epistemológica” foi à vanguarda do surgimento da geografia critica, que caracterizou trabalhos de outros autores como, P. George, B. Kayser e Milton Santos. E para nós professores que estamos em plena crise segue o ditado popular, “viva a crise!”. E no que diz Moraes (2005) "Cultivar a teoria e buscar a explicação do mundo, para agir na sua transformação".

3 comentários:

Marcos Vinicius disse...

Viva a Crise!

E como diria Arnaldo Jabor...
"...a crise é boa porque acabaram as crises cegas, radiofônicas, anos 50. Hoje as crises são "online", na internet, nos celulares, com todas as sacanagens ao vivo, imediatas. A crise é uma aula, quase um videogame. A crise é um "thriller" em nossas vidas".

Viva a crise, seja você companheiro ou investidor!

=P

Unknown disse...

Oi Thiago! Quero registrar meus parabéns pela iniciativa. Com o blog, você lança discussões, pesquisa, lê, escreve, enfim... trabalha habilidades muito necessárias pra quem pretende ser um educador engajado, como tenho certeza que você será. Não desanime!

Abraços,

Sua professora, Angela Rama.

Anônimo disse...

olá, muito bom esse seu blog, porém, se alguém pudesse, gostaria de um aprofundamento dos capítulos "Os primórdios de uma grande polêmica epistemológica" e " Saber pensar o espaço...", obrigado.